Da Colômbia para o mundo: ex-aluno do DCC/UFMG conquista prestigiado prêmio de pesquisa nos EUA

O pesquisador colombiano David Saldaña, ex-aluno de doutorado do Programa de Pós-graduação em Ciência da Computação (PPGCC) da UFMG, conquistou, recentemente, um dos reconhecimentos mais prestigiados da carreira acadêmica nos Estados Unidos: o NSF CAREER Award, concedido pela National Science Foundation (NSF). O prêmio celebra projetos inovadores que integram pesquisa de ponta e ensino de impacto, reforçando o papel dos jovens docentes como líderes em suas áreas.

Atualmente professor assistente na Lehigh University, nos Estados Unidos, David se dedica às áreas de controle de robôs aéreos e enxames de robôs. Sua trajetória internacional, no entanto, teve um ponto de inflexão decisivo no Brasil — mais especificamente em Belo Horizonte, entre 2013 e 2017, quando cursou o doutorado no Departamento de Ciência da Computação (DCC/UFMG), sob a orientação dos professores do departamento Mario Campos Montenegro e Renato Assunção. “O DCC não apenas contribuiu, foi essencial para que eu chegasse onde estou hoje. Tenho muito orgulho de ter feito parte da família do DCC”, afirma Saldaña.

Conforme o professor Renato Assunção, foi um imenso prazer orientar David durante seu doutorado, ao lado do professor Mario Montenegro. “Desde o início, David se destacou pela curiosidade, dedicação e entusiasmo com ideias novas. Minha pesquisa sempre foi voltada para relações de dependência estocástica em grafos com nós fixos, mas David chegou com uma proposta diferente e instigante: estudar grafos cujos nós se movimentam no espaço. Os robôs deveriam executar tarefas complexas, com trocas de informações probabilísticas e parciais, que dependiam de suas posições — as quais mudavam dinamicamente. Essa nova perspectiva abriu possibilidades empolgantes e nos levou a trabalhar juntos em vários artigos muito gratificantes. Além de brilhante, David sempre foi uma pessoa generosa, colaborativa e com excelente senso de equipe. Ver seu trabalho reconhecido agora com o NSF CAREER Award é uma grande alegria”, afirmou, orgulhoso.

Nascido e graduado na Colômbia, onde também concluiu o mestrado, David conheceu o Brasil durante um intercâmbio na Universidade de Brasília, em 2012. Foi lá que ouviu falar do professor Mario Campos e do prestígio do DCC/UFMG. No ano seguinte, mudou-se para Belo Horizonte para iniciar o doutorado — e viver, como ele mesmo define, “com certeza, um dos melhores anos da minha vida”. “No DCC, formei amizades que levo comigo até hoje. As discussões sobre algoritmos e robôs vinham acompanhadas de conversas sobre a vida, apoio mútuo e muitas risadas. Aprender português, viver em BH, fazer amigos e mergulhar no mundo da pesquisa… tudo isso ao mesmo tempo foi transformador”, disse.

Além dos orientadores, Saldaña destaca a importância das aulas do professor do DCC Luiz Chaimowicz e das atividades de laboratório no Verlab, com o professor Douglas Guimarães Macharet.  Os primeiros passos com drones e quadricopteros foram dados ao lado de Armando Alves, na época doutorando sênior e atualmente professor no Departamento de Engenharia Eletrônica — experiências que o aproximaram dos temas que hoje fundamentam sua carreira. Ele também menciona com carinho as colaborações com o então colega de doutorado Hector Azpúrua, hoje professor do DCC. “Aprendi muito com a visão abrangente do professor Mario Campos e com a forma analítica e elegante com que o professor Renato Assunção enfrentava problemas matemáticos. Esses aprendizados me acompanham até hoje”, conta.

A influência do DCC na vida de David extrapola o campo acadêmico. A experiência no Brasil o conectou profundamente à cultura local. “Meu Spotify está cheio de músicas brasileiras — muito Renato Russo — e Wagner Moura é meu ator favorito. Adoro o filme Homem do Futuro. O DCC me deu muito mais que uma formação: me deu um país”, afirma.

Mesmo nos Estados Unidos, ele mantém laços com a comunidade brasileira. “Ainda acostumo pedalar nas montanhas com amigos brasileiros. Onde quer que eu vá, sinto que o Brasil faz parte de mim”, relatou.

Durante sua adaptação ao Brasil, David viveu momentos inusitados. Um dos mais marcantes foi aprender o português… com sotaque nordestino. “No começo do doutorado, meus amigos eram quase todos do Nordeste. Em poucos meses, eu já falava cheio de expressões regionais, sem perceber. As pessoas me olhavam meio confusas! Foi engraçado e revelador: eu estava aprendendo o idioma junto com a cultura”, contou.

A quem deseja trilhar o mesmo caminho, David deixa um conselho: “Aproveite cada oportunidade — tanto acadêmica quanto pessoal. O DCC é um centro de excelência e um ambiente incrivelmente acolhedor. Estudar ali é uma experiência única, que transforma vidas”, afirmou.

Hoje, com uma carreira sólida e internacionalmente reconhecida, David Saldaña carrega consigo não apenas as conquistas científicas, mas também o afeto, a cultura e as amizades construídas no Brasil — e, especialmente, no DCC/UFMG.

Acesso por PERFIL

Ir para o conteúdo