“Passei por alguns desafios no percurso, mas todos me fizeram crescer e estar onde estou”, afirma ex-aluno do DCC

Danilo Favato, entrou no Departamento de Ciências da Computação (DCC) da UFMG, em semestre de 2016, para cursar Sistemas de Informação, mas decidiu parar a graduação em 2018, quando foi aprovado no mestrado em Ciência da Computação. “Consegui essa “façanha” pois, na verdade, já era graduado em Economia. Os dois anos que fiz de Sistema de Informação foram essenciais para que pudesse ir bem na prova do mestrado e, também, elaborar o meu projeto. Tive o prazer de ter dois professores me orientando, o Gabriel Coutinho e o Mário Sérgio Alvim. A matéria de Fundamentos Teóricos da Computação, ministrada pelo Mário Sérgio, com certeza foi uma das coisas que mais me marcou, não só no DCC como na vida. O Mário é extraordinário na forma de apresentação da matéria. Me lembro bem da última aula da matéria na qual ele falou sobre as implicações filosóficas da tese de Chuch-Turing que, para mim, são fascinantes e até hoje me “assombram””, contou.

Durante o mestrado, de acordo com o ex-aluno, o professor Gabriel também foi fundamental nas orientações. “Na minha dissertação, através de informações parciais, eu estava tentando fazer uma reconstrução de uma base de dados da Receita Federal. O Gabriel foi essencial na orientação, foi a visão dele que indicou que, na verdade, o que eu estava fazendo não era só um problema de otimização, mas a demonstração da vulnerabilidade nos sistemas da Receita. Uma vez que tínhamos a prova de que o ataque de reconstrução da base de dados funcionava, o Gabriel foi atrás de um contato na Receita para que pudéssemos demonstrar o problema e, talvez, até encontrar uma solução antes que o trabalho se tornasse público. Então, eis que um dia, estava tranquilo em minha casa e recebo um e-mail da Receita Federal com o título: “Possível vulnerabilidade na proteção de dados sensíveis de importações”. Não vou mentir que deu um frio na barriga! E se eles achassem ruim? E se eles proibissem a divulgação? Apesar de estar fazendo todo o processo dentro das melhores práticas de segurança da informação, não posso negar que me senti um pouco “procurado” pela justiça. No fim, tivemos uma excelente reunião com os servidores da Receita Federal, eles deram extrema atenção ao tema e o meu trabalho acabou sendo responsável por alterar a maneira como as estatísticas de importação do Brasil são divulgadas. Sem o apoio do Gabriel o meu trabalho não teria tido esse alcance”, contou agradecido.

Para Danilo, o DCC é um excelente espaço para pesquisa e crescimento acadêmico e, segundo ele, voltará para fazer o doutorado. “Trabalhei durante dez anos como analista de inteligência de mercado e minha passagem pelo DCC acabou me levando a mudar de área e entrar de cabeça na Computação. As exigências dos trabalhos que executei e dos projetos que participei me permitem hoje exercer minhas funções com eficiência e confiança. O departamento contribuiu muito em minha vida pessoal e profissional. Pessoalmente fiz vários amigos, com os quais pude curtir ótimos momentos. Profissionalmente me sinto confiante no desenvolvimento das tarefas, pois o DCC me proporcionou uma base sólida de conhecimentos”, falou.

De acordo com Danilo, provavelmente não estaria onde está caso não tivesse passado pelo DCC. “A vida é muito cheia de reviravoltas. Por exemplo, se a barragem da Samarco não tivesse se rompido, eu não teria tirado o foco do trabalho para me dedicar aos estudos. Nessa época eu trabalhava na Samarco. Sei lá onde estaria se não fosse o DCC. Hoje sou engenheiro de software na BairesDev, uma empresa da Califórnia, e trabalho remotamente. Passei por alguns desafios no percurso, mas todos me fizeram crescer e estar onde estou. O maior deles foi conseguir estudar ao mesmo tempo em que trabalhava em tempo integral. É claro que isso me fez levar o curso mais devagar, mas sem problemas. Meu maior sufoco foi quando peguei a matéria de Engenharia de Software no mestrado. Pensando que ia ser tranquilo, logo no primeiro dia de aula o professor falou que teríamos que escrever um artigo como trabalho final. Quase surtei! O que me salvou foi um amigo que me disse: “Danilo, vou te falar o que vai acontecer: você vai escrever qualquer coisa aí, vai achar que tá uma porcaria, mas o professor vai gostar e você ainda vai publicar!” E sim, meu amigo previu corretamente, o trabalho foi publicado no Simpósio Brasileiro de Qualidade de Software. Sempre uso essa frase do meu colega para me lembrar que: 1) o importante é fazer, escrever alguma coisa e 2) às vezes nos cobramos muito mais do que as outras pessoas”, relatou.

Para os que desejam entrar no DCC, ou já estão, Danilo aconselha que aproveitem as oportunidades. “Aproveite todas as oportunidades, as de aprender, as de se aplicar em estudos e projetos, as de se divertir, as de conhecer pessoas e ampliar seu círculo social. Tudo vale a pena!”, concluiu.

Segundo o professor Gabriel, a orientação dos alunos é como um processo de construção de um barco a vela, mas, com o Danilo, o barco já chegou pronto. “Pense que uma orientação funciona mais ou menos como um processo em que o orientador primeiro ajuda o aluno a construir um barco a vela, e depois fica soprando ventos (às vezes na direção errada), e o aluno vai navegando, e aí vão vendo para onde o barco está indo, até que desponta em terra firme. Pois o Danilo chegou com o barco pronto, e já sabia a direção certa de ir. Eu não tive nem a chance de errar. Mesmo com todas as dificuldades de fazer um mestrado concomitante ao trabalho, Danilo fez uma dissertação de bastante impacto, com muita obstinação e independência, que se refletiram no sucesso que tivemos na submissão do trabalho para uma conferência prestigiosa. Membros da banca, coorientador, colaboradores: todos sempre foram unânimes em elogiá-lo, e eu sou apenas mais um”, disse orgulhoso.

O professor Mário Sérgio conheceu o Danilo logo no primeiro semestre da graduação no DCC/UFMG. “Danilo cursou Matemática Discreta e Fundamentos de Teoria da Computação (FTC) comigo, sempre se mostrando um aluno interessado e engajado. Me lembro que ele me contou que a última aula de FTC o fez repensar sua visão filosófica do mundo na época, o que me deixou muito contente. É bom saber que nosso trabalho como professor pode deixar boas influências nas pessoas assim! Recentemente coorientei o Danilo em sua dissertação de mestrado. Ele se mostrou um aluno extremamente independente, com uma visão crítica e senso práticos excepcionais. Seu trabalho de mestrado foi de excelente qualidade, o que lhe rendeu frutos não somente acadêmicos (com artigo publicado em conferência internacional de alto nível), mas, também, propiciou ao governo brasileiro a possibilidade de tomar mais cuidado com informações protegidas por lei. Foi um prazer trabalhar com o Danilo, e tenho certeza de que ele continuará tendo sucesso em qualquer empreitada que escolher”, relatou orgulhoso.

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